15/08/2010

o meu paraíso

Esta semana ardeu a aldeia da minha avó Maria e a aldeia do meu avô Antonio, nesta a povoação foi evacuada. As aldeias ficam no oposto lados de uma serra do parque da Peneda que ainda hoje está arder. A minha mãe telefonou me na Quarta feira para o café há hora do almoço em panico porque só via "serras de fogo preto" e a gritar que o teu pai e tio foram lá baixo ver a casa da tua avó. Mais tarde telefonei e ela histerica disse que o fogo tinha chegado a aldeia de cima e que havia fogo em frente, por trás e nos lados da casa dela. Que não havia bombeiros porque estavam todos no fogo de Soajo. Restava os homens da GNR para os ajudar. Ela e os meus tios mais os vizinhos combatiam o fogo com sacholas, vassouras e aguas dos tanques das casas. Á noite telefonei e ela contou que estavam exaustos mas todos bem, negros do fumo. De manhã telefonei, estavam exaustos os olhos enchados de "engoliram" tanto fumo e a aldeia em todo lado para onde o olho via estava preta, preta, e cheirava a fumo. Havia ainda nuvens de fumo no lindo Vale em frente a casa deles. Ela disse que em sessenta e tal anos da vida dela nunca tinha visto fogo como o que viu nestas últimas duas semanas no alto Minho. Há mais de cinco anos atrás o Luís mais o meu pai e cunhado caminharam até ao Gião, o ponto mais alto do Mezio localizado a porta do Parque da Peneda-Gerês. O Gião fica no topo da serra que separa a aldeia da minha avó da do meu falecido avô. Estava lá o homem que vigiava os montes do parque do lado da Peneda. Tinha um galo morto como isco pendurado cá fora para atrair a raposa. Em 2006 houve um grande fogo no Mezio e eles não perderam tempo (quem são eles, não sei) em mandar grandes camiões para romper e rasgar caminhos para extrair as arvores queimadas. Centenas de arvores. Mas desde então ninguem fala da reflorestação do Mezio. Ninguem fala de prevenção, só lamentam o facto de que o "big government" faz o insuficiente. É um grande caos antes, durante e depois dos fogos. Apetece escrever palavrões. Alguem (dos grande medias) tem de ir a estes lideres destes municipios e perguntarem as perguntas difíceis. Há algo que não bate certo.....Estou revoltada e muito triste.

10 comentários:

Ana Barata disse...

tens toda a razão, Mary. É revoltante e frustrante! a minha zona é mais abaixo e eu também sei o que é ver fogo por todo o lado.
Ver o trabalho dos agricultores, a sua fonte de rendimento e de subsistência ser devorada em menos de nada, e os responsáveis? são os desgraçados piromaníacos? a mando de quem? com que interesse?
é triste e revoltante!

Unknown disse...

Daqui envio um abraço solidário a todos os meus compatriotas.
Realmente a Imprensa precisa fazer as perguntas que precisam ser feitas, e diretamente a quem tem a responsabilidade de responde-las.
Entretanto, enquanto os "saloios" ficarem quietos em suas Aldeias, nada mudará... Era assim nos tempos do mêdo, da impotência dos mais humildes. Agora, felizmente existe Liberdade para as pessoas levantgarem suas vozes e serem ouvidas bem longe,no sítios certos e pelas pessoas certas.
Abraço carinhoso
Dylia (Rio de Janeiro)

Ana V. disse...

Saí do Algarve até ao Norte ( Galiza)e de Ponte da Barca até Monção só vi fogo, andei em estradas com ele a tocar o carro. Em Santiago de Compostela a mata e floresta também ardia. Ao atravessar o Norte de Orense até Zamora ao longo do rio Minho só fumo e fogo do lado português, de Almeida até Santarém mais fogo nem o seu céu se via tamanha era a nuvem de fumo kms e kms de céu encoberto pelo fumo. Onde não havia fumo e fogo, era o negro que tomava o lugar do verde das florestas. Em Constância o fogo rondava as casas. Uma triste viagem para quem com eu gosta de verde. Gostaria muito de voltar a ver o Norte e Centro do meu país verde, espero que as autoridades não durmam e comecem rapidamente a reflorestação.

Fico triste por si pela sua família e por todos aqueles que viram as suas aldeias quase desaparecerem. Um bjo de solidariedade.

Rita disse...

Espero que a tua família já esteja melhor e mais calma, nem imagino o caos que foram estes últimos dias. Um beijinho gigante de saudades e o desejo que corra tudo bem com eles. É muito revoltante, mesmo. Hugs

Isa Maria disse...

pois acredito que sim. Estive para ir passar uma semana para o Gerês. Diz o meus filho: "vês não fomos e agora está tudo preto."

Ele tem razão. Agora só daqui a muitos anos ficará tudo bonito, se não houver mais fogos pelo meio.

Margarida disse...

Querida Mary,
Fui criada entre férias no campo e o amor à natureza, nas raízes de uma parte da família beirã. Há uns anos, chorava com imagens como estas. O tempo, os anos, criaram calo nas lágrimas e hoje só sofro, por dentro, mas talvez já com a resignação de nada ver mudar ao longo de tantos e tantos anos. Tinha eu os meus 5 anos quando o meu pai filmou um fogo bem perto de nós, em S. Pedro do Sul. Mas, passados tantos anos, S. Pedro do Sul e tantos outros lugares deste pequeno e bizarro país continuam a arder... Um destes dias também desabafei, como tu... http://deixaentrarosol2.blogspot.com/2010/07/terra-queimada.html
Fica o meu beijinho e o meu silêncio sentido, por esse teu paraíso ardido...
Saudades do Saudade!

Camila F. disse...

Que situação triste, é realmente revoltante!

rosa de fatima disse...

realmente eu estive la tambem muito triste mesmo
ver o nosso Geres quase todo ardido
parabens pelo seu blog

Leonor Gomes disse...

Olá Mary
Passei as duas últimas semanas em Portugal, mas concretamente nos Arcos.
Apesar de já ter visto nas notícias, foi um choque chegar a Portugal e ver a paisagem toda negra e alguns locais ainda a arder.
Da casa da minha mãe avista-se Paredes e não pude deixar de pensar na tua família (apesar de não conhecer), quando observei que o fogo também por lá tinha andado.
Felizmente, a minha mãe mora num local onde não há risco de incêndios florestais, ou eu estaria sempre "com o coração nas mãos".
Lamento muito pela perdo do teu (nosso!) paraíso e pelo susto que a tua família viveu. Ainda bem que nada de mais grave lhes aconteceu.
Bjinhos

Anónimo disse...

ola mary.
com tudo isto nem sei que dizer...