27/08/2010
fresca
Os meus pais passaram uns dias em Sintra comigo e o Luís. As obras da Casa Azul ainda perduram e contamos com pelo menos mais um ano para estar tudo acabado. Tem sido penoso, especialmente no meio da abertura e durante a habituação ao novo ritmo do Saudade. Mas sobrevivemos até agora com a ajuda de muita gente e boa vontade.
Os meus pais trouxeram 2 X 5 litros de agua lá da aldeia. Antes quando iamos à aldeia eu e o Luís carregavamos garrafões para trazer agua connosco. É tão boa. Sabe bem e é fresca. Limpa e dá vigor. Agua, a minha bebida preferida. Agua da aldeia da minha avó que corre perto da casa dela. Bebo a agua e mato o bicho. Mato a saudade.
15/08/2010
o meu paraíso
Esta semana ardeu a aldeia da minha avó Maria e a aldeia do meu avô Antonio, nesta a povoação foi evacuada. As aldeias ficam no oposto lados de uma serra do parque da Peneda que ainda hoje está arder. A minha mãe telefonou me na Quarta feira para o café há hora do almoço em panico porque só via "serras de fogo preto" e a gritar que o teu pai e tio foram lá baixo ver a casa da tua avó. Mais tarde telefonei e ela histerica disse que o fogo tinha chegado a aldeia de cima e que havia fogo em frente, por trás e nos lados da casa dela. Que não havia bombeiros porque estavam todos no fogo de Soajo. Restava os homens da GNR para os ajudar. Ela e os meus tios mais os vizinhos combatiam o fogo com sacholas, vassouras e aguas dos tanques das casas. Á noite telefonei e ela contou que estavam exaustos mas todos bem, negros do fumo. De manhã telefonei, estavam exaustos os olhos enchados de "engoliram" tanto fumo e a aldeia em todo lado para onde o olho via estava preta, preta, e cheirava a fumo. Havia ainda nuvens de fumo no lindo Vale em frente a casa deles. Ela disse que em sessenta e tal anos da vida dela nunca tinha visto fogo como o que viu nestas últimas duas semanas no alto Minho.
Há mais de cinco anos atrás o Luís mais o meu pai e cunhado caminharam até ao Gião, o ponto mais alto do Mezio localizado a porta do Parque da Peneda-Gerês. O Gião fica no topo da serra que separa a aldeia da minha avó da do meu falecido avô. Estava lá o homem que vigiava os montes do parque do lado da Peneda. Tinha um galo morto como isco pendurado cá fora para atrair a raposa. Em 2006 houve um grande fogo no Mezio e eles não perderam tempo (quem são eles, não sei) em mandar grandes camiões para romper e rasgar caminhos para extrair as arvores queimadas. Centenas de arvores. Mas desde então ninguem fala da reflorestação do Mezio. Ninguem fala de prevenção, só lamentam o facto de que o "big government" faz o insuficiente. É um grande caos antes, durante e depois dos fogos. Apetece escrever palavrões. Alguem (dos grande medias) tem de ir a estes lideres destes municipios e perguntarem as perguntas difíceis. Há algo que não bate certo.....Estou revoltada e muito triste.
08/08/2010
ser emigrante
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