23/08/2008

que linda apesar de feia

Levei a boneca comigo para Paredes com a intenção de a acabar. Bordei uma cara, coloquei o cabelo e cortei a saia de pano liso e o avental de riscas. A blusa é um patchwork de linho quase todo do Minho. Desfiz tudo e ficou assim com uma cara feita em lapís de carvão. Fica assim.

E Sandra se me permites usar uma frase tua, que linda apesar de feia.

21/08/2008

wildflowers growing from a stone wall at dusk

da minha terra

a terra da minha gente

das minhas mulheres

terra que me viu nascer

onde eu renasço

e onde hei de morrer.

19/08/2008

mãe

A minha mãe passou uns dias comigo em Sintra e eu com ela este fim de semana na terra dela. Não costuma falar da vida dela quando era pequena mas estes dias revelou algumas coisas, nada significante, mas saboreio todas as palavras e ideias das imagens de uma menina que teve de crescer muito depressa.

Algumas das coisas que ela conta verifico ao ler As Mulheres do Meu País da Maria Lamas. A Maria Lamas viajou pelas terras de Soajo, Castro Laboreiro, Lindoso. Terras do Minho profundo que conheço bem. Alguns exemplos nas histórias da minha mãe são as mulheres que trabalhavam no negócio do contrabando entre Portugal e Espanha (muito comum naqueles tempos no Minho) e que muitos dos homens do Soajo, terra do meu avô, foram para Lisboa trabalhar como padeiros.

Ela conta:

Ao jantar (eu fiz bacalhau)

... gostava tanto de açorda de bacalhau com tomate. O teu avô e tio Armindo (eles eram padeiros em Lisboa e a minha mãe, avó, bisavó ficaram na terra ) mandavam trigo (carcaças) de Lisboa pelo correio. Chegava a Paredes duro e então faziamos açorda.....era tão bom.

Mãe, conhecestes a tua avó, mãe do teu pai?

Sim...chamava-se Rosa Branca...viúva com trés filhos e fazia contrabando. A sério? Sim, uma mulher bonita, alta, tinha 3 filhos para criar. Fazia-me saias e blusas...também costurava.

A minha mãe atravessava estes montes para a ver porque a Rosa Branca vivia em Vilar de Suente, Soajo.

Tinhas bonecas?

Sim...fazia-as de trapos. A cabeça era uma pedra e os olhos e a boca eram feitas com carvão (ou o que restava das brasas da lareira).

A minha mãe escrevia cartas para os analfabetos da aldeia. Tinha apenas nove anos quando comecou a escrever. Uma das senhoras para quem ela escrevia era a Ti Conceiçao. Eu ainda me lembro da Ti Conçeição das nossas férias de verão na aldeia. Ela já morreu, mas para eu chegar ao lugar de cima tinha que passar sempre pela casa dela. Lembro-me de ter medo dela....talvez por ter um bigode e barba e por falar muito bruscamente e ser rabugenta.

Ela conta que a Ti Conçeição ralhava muito com o Ti Guilherme quando ele a visitava em Paredes. Então um dia a minha mãe, uma menina pequenina, foi chamada por ela para escrever uma carta para ele.

Então para começar a tal carta ela diz:

Escreve assim.

Meu querido marido.....TU NÂO ÉS!

Marido................. TU NÂO ÉS!

Vai assim!....

GUILHERME!

A minha mãe ficou sem saber o que fazer nem dizer.

*

05/08/2008

nacos de tempo

Pus me em frente à maquina num naco de tempo que tinha para fugir dos outros tantos comprimissos que temos. Comecei a coser uma boneca sem desenho, nem plano e sim, Sara, deixei-me levar pelas ideias :). Blusa de linho, saia de pano liso e avental às riscas.

04/08/2008

Não sei o que me acontece em relaçaõ a este meu espaço...mas estou sem ideias.