12/12/2010

Gosto de pensar que sou uma mulher dependente. Depender de alguém quer dizer que não estou sozinha. Quantas mais são as pessoas em que dependo, melhor é. Já houve uma altura em que pensava que era muito independente. Fiz dois cursos, paguei-os a trabalhar «full and part time». Depois o meu trabalho era o de tratar de doentes queimados de 3º e 4º grau num dos melhores hospitais do mundo. Vivi sozinha num bairro daqueles onde à noite se ouvia sons estranhos ou carros de polícia. Fazia voluntariado com idosos que viviam em bairros "exclusivos" (guetos). Eu era a «chauffeur» deles até às tardes de chá feitas no centro da comunidade. Isto para evitar que eles vivessem totalmente em solidão. Dependiam de mim.

Cresci numa família minhota. As famílias minhotas são lixadas por não largar as «raízes» das árvores da serra e das tradições e costumes criados lá no isolamento da montanha. Transportam isto tudo para longe. Acreditem que não são famílias perfeitas, longe disso, muito longe. Eu tenho saudades de não saber muito sobre a historia da minha família e todos os seus membros. É estranho para mim que os meus pais não falam ou simplesmente não se lembram, não tem recordações (fotografias, artigos da casas antigas) da história pessoal de ambos lados da família. Isto é importante para mim. Olho para outras famílias com estas coisas e causa-me uma certa tristeza eu não as ter.

Já lá vão quase dez anos que não passo um Natal nos EUA. São muitos. E quase cinco anos que não vou aos EUA. Tenho uma sobrinha nova para conhecer e outros sobrinhos para reconhecer. Tenho conversa para pôr em dia e sítios para visitar. Enfim, o meu bem estar depende disto. Mas isto tudo é uma dependência saudável. Tem cura.

10 comentários:

meri disse...

:)
Não estou tão certa que tenha cura. Por mim, não me importo que esta dependência não tenha cura.
Um Bom Natal, cá ou lá, e que o(s) Ano(s) Novo(s) vos traga a realização de tudo o que sonham - os sonhos vão-se sonhando, são para toda a Vida.

saloia disse...

:)
pois é Meri
um beijinho para si e bons sonhos de Vida também.
Mary

Anónimo disse...

Adorei estas reflexões sobre a (in)dependência e sobre as suas experiências. Você é uma pessoa fantástica :) Portugal precisa muito de pessoas assim: culturalmente ricas,cheias de experiências, fiéis às raízes, com sensibilidade, profundidade, bondade e sem snobismos nem elitismos...
Feliz Natal e tudo de Bom para 2011,para si e sua família!
E que a viagem para os USA esteja para breve ;)
São os votos de uma visitante anónima ;)

saloia disse...

Bem...obrigada pelas palavras escritas e desejo o mesmo para si agora e para o ano que vem aí.

Também trago coisas más para o país...uma longa lista de facto :)

Por exemplo, não gosto de doces com ovos moles :)

Obrigada mais uma vez e vamos nos encontrar mais vezes por aqui neste 2011

Kisses
Mary

saloia disse...

Bem...obrigada pelas palavras escritas e desejo o mesmo para si agora e para o ano que vem aí.

Também trago coisas más para o país...uma longa lista de facto :)

Por exemplo, não gosto de doces com ovos moles :)

Obrigada mais uma vez e vamos nos encontrar mais vezes por aqui neste 2011

Kisses
Mary

Anónimo disse...

"Por exemplo, não gosto de doces com ovos moles :)"

ok. que todos os defeitos das pessoas fossem desse género... ;)

Virgínia disse...

Mary, é tão bom ler-te :)...
Um Feliz Natal, cheio de calor humano. Que 2011 traga muitos sucessos e bem estar! Um beijo e até breve, como prometido***

Maria Lua disse...

Um excelente post! Palavras repletas de sentimentos e muita beleza. Obrigado pela partilha. Feliz Ano Novo!

Anónimo disse...

simplismente uma pequena mensagem e triste nao darmos o valor a quem nos criou com saude e correitas que vos lansou ao mundo para levar uma vida alegre e feliz nos hoje em dia temos que nos lembrar dos maus e dos bons tempos que por nos passam so damos o valor aus nossos quando criamos os vossos proprios filhos desculpa passa bem mary

saloia disse...

...mas eu dou muito valor aos meus. E se ler bem o texto diz exactamente isso. Eu dependo deles como eles também dependem de mim. Tenho pena que não sei muito sobre os meus bisavôs mas isso tem haver com a pobreza em que os meus cresceram (por exemplo, não havia dinheiro para fotografias etc.) De certa forma também o crescer dos meus foi talvez tão duro e triste que não querem lembrar ou se esqueceram.

Eu dou muito valor aos meus.

Obrigada